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O SINDPD SP é (e sempre foi) incapaz de lutar contra o neoliberalismo

September 16, 2021 em Sindpd

As cabeças do SINDPD SP acreditam que a luta contra o neoliberalismo passa por negociar com políticos, defender empresas de capital nacional e desmobilizar a categoria.

É isso que o sindicato deixa explícito em um O livro que publicou em 2013, “30 Anos SINDPD SP: Conquistas que transformam vidas”, e em especial no capítulo em que se diz um “núcleo de resistência à política neoliberal”. O que a diretoria de nosso maravilhoso sindicato chama de “investida “ contra o neoliberalismo só serve para escancarar sua essência pelega.

Vemos ao longo do capítulo uma narrativa sobre a experiência do SINDPD SP após a “redemocratização” do Brasil no final dos anos 80, quando o governo Collor fez suas primeiras investidas neoliberais. Foram os tempos do confisco das cadernetas de poupança e das derrubadas de barreiras de importação, que se combinaram às enormes taxas de inflação que só cresciam. Isso impactou o dia a dia dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Os camaradas mais velhos podem facilmente narrar o período caótico das máquinas de etiquetação de preços nos supermercados e a corrida que havia entre etiquetadores e compradores nestes dias tenebrosos.

Enquanto isso, nosso sindicato, na figura de Cidadão Neto, se focava em “negociar” com o então vice-presidente Itamar Franco. Neto era presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT). Quais foram as conquistas dessa negociação ou desse período? Algumas fotos.

Já no fim dos anos 90, com Fernando Henrique presidente, a verdadeira faceta do neoliberalismo se revelava com toda sua potência novamente. Ele abriu o mercado nacional com a entrada de várias multinacionais e privatizações. Agora veríamos toda a pujança da luta sindical realizada pela nossa diretoria, certo? Mas tudo que ela fez foi apoiar a “luta na porta das bolsas de valores para defender as empresas e o capital nacional” enquanto “... amplificava sua atuação para que os profissionais em Processamento de Dados pudessem atravessar da melhor forma o possível” aquele período. Teria Neto se confundido ao colocar “profissionais “, quando queria colocar “empresas “? Seria mais condizente com a atuação do SINDPD SP.

A pujança então está escrita nas próprias palavras da diretoria do SINDPD SP: ela sequer foi capaz de articular com os trabalhadores a luta salarial, pois acreditava que “fazer greves e convencer os companheiros a arriscar seu emprego, com pelo menos mil candidatos a sua vaga, tornou-se uma tarefa hercúlea". Ou seja, além de o sindicato falhar em unir os trabalhadores empregados, ele exclui os desempregados da categoria. A única tentativa do SINDPD SP de realizar algo foi tendo a pachorra de dizer que “conseguiu zerar a inflação nos salários dos trabalhadores” quando, já em meados do governo FHC, esta foi controlada para índices “normais” no Brasil de 9.56%a.a.

Mas em 2021, a situação é muito diferente, ao menos pelo que vemos no texto do Canal Tech, republicado no site do sindicato, que prevê 200 mil vagas abertas na área de TI em 2021. Ou seja, agora o sindicato diz que temos a situação inversa do meio da década de 90: hoje os trabalhadores escolhem as vagas, não disputam entre si. Ótimo então! A luta sindical está mais forte que nunca, o capital nacional se curvou perante o trabalhador e o SINDPD SP está mais mobilizado que nunca, enfrentando diretamente o neoliberalismo em todas as suas facetas, certo? Quem vive a realidade do Brasil de 2021 ao invés da inventada pelo SINDPD SP sabe que isso é um delírio.

A diretoria do sindicato, fiel ao seu programa, é contra o neoliberalismo de fora, mas não contra o de dentro, mantendo esta aliança com o capital nacional e a defesa das empresas. Temos a diretoria negociando empresa a empresa, porta a porta, sem unir os trabalhadores da categoria numa luta conjunta por melhores condições de trabalho.

Nossa categoria está fragmentada, o sindicato está desacreditado por nossos colegas e camaradas e é conhecido como “pelego”, que só luta pelos patrões. Cidadão-Diretor Neto, onde está nossa organização político-sindical? Pesa muito sobre seus ombros os longos anos de trabalho? Talvez seja o momento de passar o bastão da diretoria do sindicato para outras alas, pois no momento carecemos de qualquer capacidade de luta além de seus carismáticos bigodes! O que faremos quando o capital nacional patrocinar novamente Bolsonaro ou o PSDB em eleições nacionais e regionais? Como reagiremos quando, agora que trabalhamos sob as condições das novas normas deformadas do direito trabalhista, esta ou aquela empresa começar a negar abertamente um “benefício” a nossos colegas e camaradas?

O que faremos quando o dissídio é, por exemplo, recusado pelo “sindicato patronal” (cujo reconhecimento como instituição pelo sindicato é uma grande piada), negando assim a manutenção do valor real de nossos salários? Teremos ao menos um artigo bonito no site do SINDPD SP nos atualizando desta situação?

UNIDADE CLASSISTA, FUTURO SOCIALISTA!