A única pauta do SINDPD SP é a luta salarial
Se vocês, camaradas, colegas, amigos e leitores, tem acompanhado o site do SINDPD SP e as mensagens via WhatsApp deles, devem ter visto que o tal do “sindicato patronal” continua recusando o acordo de dissídio proposto pelo SINDPD SP e, o TRT, realizou uma nova “audiência de conciliação” com o sindicato para a semana do 17 ao 21 de maio, o que, claro, não deu em nada: continuamos sem dissídio desde 2020. Podemos ter a certeza, também, que esta situação vai se arrastar por mais um tempo, dado que nada mudou para a classe empresarial. Com a consolidação do governo Bolsonaro, temos o fortalecimento destas forças reacionárias e anti-trabalhador, tanto legalmente quanto socialmente.
Devemos então nos perguntar: porque é possível ao tal "sindicato patronal” fazer isso? Porque eles se negam a manter o valor real dos nossos salários e ajustá-los de acordo com a inflação? Bom, meus camaradas, olhemos para a atuação histórica do SINDPD SP e tentemos entender o porquê dessa luta salarial estar ficando cada vez mais inviável.
No documento dos 30 anos, vimos que o SINDPD SP teve uma atuação bem ativa ao longo da década de 80 na forma da diretoria interagindo com políticos e defendendo salários melhores.
Vemos também que ao longo da década de 90, frente à inflação galopante durante o governo Collor e o neoliberalismo selvagem de FHC, o sindicato pouco pode fazer além de espernear e demonstrar total incapacidade de articulação junto à categoria qualquer tipo de resistência e luta.
Já nos anos 2000, surfando na onda do Lulismo e do auge do PT, novamente a diretoria retomou o “apertar mão de político”. E a síntese destes 30 anos se dá com as seguintes frases involuntariamente irônicas: “assim como o Sol, seguimos em frente” e “sem trabalhador não há lucro”.
Da segunda temos um claro absurdo, pois o lucro do capitalista nada tem a ver com o salário que recebemos no final de cada mês. Um sindicato nunca deveria defender o lucro dos nossos exploradores , mas sempre a melhoria das condições de trabalho da sua categoria e o combate contra a exploração capitalista. Já a primeira é praticamente uma piada, pois com relação à Terra, o Sol está imóvel, o que diz muito sobre as “conquistas” dessa diretoria do SINDPD.
O grande problema da diretoria do SINDPD SP estar há 30 anos falando sobre negociar com nossos empregadores melhores salários é que essa conquista nada alcançou para nossa categoria. A categoria está mais forte frente aos capitalistas? Claro que não, eles estão recusando ajustar nosso salário com a inflação. A categoria está mais educada frente aos seus direitos e seus horizontes? Não, nem de longe, somos explorados cada vez mais pesadamente e, apesar de salários que nos garantem condições materiais mais ou menos adequadas, estamos vendo agora mês a mês estes salários minguarem frente a uma inflação cada vez mais acelerada em itens básicos como arroz, feijão, carne e leite.
O que nos trouxe então esta luta salarial do SINDPD? O que ela representa para a categoria?
Nada e coisa alguma. Como vimos ano passado e estamos vendo este ano, o PLR e o dissídio são na realidade uma generosidade dos capitalistas frente a categoria. O sindicato como está, ocupado por uma diretoria deslocada da classe e que é incapaz ou que age de má fé ao não trazer os trabalhadores para a luta sindical, nada pode além de escrever artigos no site do sindicato.
Nós, como categoria, somos incapazes de garantir esse mínimo simplesmente porque nós não fazemos parte do sindicato! Por que o capitalista iria temer uma categoria de trabalhadores que não faz luta, que é representada por um grupo de incompetentes que só é capaz de falar “ajuste com a inflação! ajuste com a inflação!”?
Mas claro que o nobre colega pode olhar o histórico do sindicato e falar: “Ah! Mas o SINDPD SP também conseguiu conquistas legais na forma de legislações trabalhistas para nós!”. Meu colega! Meu camarada! Olha a atrocidade que foi feita com os nossos direitos trabalhistas e aposentadoria ano passado! Todas estas leis e “conquistas” não valem absolutamente nada se nós, trabalhadores desta categoria, não nos colocarmos de forma combativa contra aqueles que nos exploram e tiram nosso tempo de vida em troca de migalhas!
Do que nos vale então uma diretoria de um sindicato que, entra ano e sai ano, só fala de “dissídio, dissídio” e que nada mais propõe? Do que nos vale o salário ser ajustado migalha por migalha com a inflação geral, quando o índice de reajuste dos aluguéis foi de 32%? Não estou tirando este número da cabeça, olhem quanto foi o IGPM do ano passado. Se assim como eu, tomaram um baita susto e tiveram que recalcular todos os gastos de casa no começo deste ano, saibam que o susto vêm daí.
Nós temos a necessidade urgente de trocar a diretoria do sindicato e nos unir, como categoria, para efetivamente lutar como classe! Nós não queremos só ajuste de salários com a inflação! Nós não queremos só PLR! Nós queremos vidas com dignidade! Um turno de trabalho após o qual possamos viver e ter tempo saudável com nossas famílias!
Posso dar aqui um exemplo de algo que afeta todos nós: tornar parte das nossas horas de trabalho estudo direcionado a melhorarmos como profissionais. Eu, assim como vocês, faço diversos cursos ao longo do ano para aprender novas tecnologias, novas técnicas, me atualizar com o que está chegando de novo no mercado e ser capaz de, com qualidade, continuar a efetuar meu trabalho.
Cursos, especializações e certificados, nos dão o benefício de podermos continuar fazendo nossos trabalho, mas eles têm um benefício maior ainda para nossos empregadores, que usufruem dessa maestria técnica que adquirimos e aumentam ainda mais seus lucros. Estas horas que gastamos estudando e nos especializando, são então horas de trabalho exploradas por nossos empregadores e, no mínimo, toda hora de trabalho deve ser paga!
É hora de não deixarmos que covardes nos representem, camaradas!
É hora de mostrar aos capitalistas que eles não devem sequer considerar a possibilidade de não reajustar nossos salários!
Devemos acender as chamas da revolta, fazer greves e exigir muito mais!
Tudo o que é nosso e é fruto do nosso trabalho!
É hora de não deixarmos que covardes nos representem, camaradas!
Devemos acender as chamas da revolta, fazer greves e exigir muito mais!
Vamos juntos construir um sindicato combativo!